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Wednesday, December 09, 2009

O pássaro


          {Era uma vez um pássaro. Adornado com um par de asas perfeitas e plumas reluzentes, coloridas e maravilhosas. Enfim, um animal feito para voar livre e solto do céu, alegrar quem o ebservasse.
          Um dia uma mulher viu este pássaro e se apaixonou por ele. Ficou olhando o seu vôo com a boca aberta de espanto, o coração batendo mais rápido, os olhos brilhando de emoção. Convidou-o para voar com ela, e os dois viajaram pelo céu em completa harmonia. Ela admirava, venerava, celebrava o pássaro.
          Mas então pensou: "Talvez ele queira conhecer algumas montanhas distantes!" E a mulher sentiu medo. Medo de nunca mais sentir aquilo com outro pássaro. E sentiu inveja, inveja da capacidade de voar do pássaro.
          E sentiu-se sozinha.
          E pensou: "Vou montar uma armadilha. A próxima vez que o pássaro surgir, ele não mais partirá."
          O pássaro, que também estava apaixonado, voltou no dia seguinte, caiu na armadilha, e foi preso na gaiola.
          Todos os dias ela olhava o pássaro. Alí estava o objeto de sua paixão, e ela mostrava para suas amigas, que comentavam:  "Mas você é uma pessoa que tem tudo." Entretando, uma estranha transformação começou a processar-se: como tinha o pássaro, e já não precisava conquistá-lo, foi perdendo o interesse. O pássaro, sem poder voar e exprimir o sentido de sua vida, foi definhando, perdendo o brilho, ficou feio - e a mulher já não prestava mais atenção nele, apenas na maneira como o alimentava e como cuidava de sua gaiola.
          Um belo dia, o pássaro morreu. Ela ficou profundamente triste, e vivia pensando nele. Mas não se lembrava da gaiola, recordava apenas o dia em que o vira pela primeira vez, voando contente entre as nuvens.
          Se ela observasse a si mesma, descobriria que aquilo que a emocionava tanto no pássaro era a sua liberdade, a energia das asas em movimento, não o seu corpo físico.
          Sem o pássaro, sua vida também perdeu o sentido, e a morte veio bater à sua porta. "Porque você veio?", perguntou à morte.
          "Para que você possa voar de novo com ele nos céus.", respondeu a morte. "Se o tivesse deixado partir e voltar sempre, você o amaria e o admiraria ainda mais; entretanto, agora você precisa de mim para poder encontrá-lo de novo."}
Do livro "Onze minutos" de Paulo Coelho.

1 comment:

Sheyd said...

Muito massaaaa essa história !

Wednesday, December 09, 2009

O pássaro


          {Era uma vez um pássaro. Adornado com um par de asas perfeitas e plumas reluzentes, coloridas e maravilhosas. Enfim, um animal feito para voar livre e solto do céu, alegrar quem o ebservasse.
          Um dia uma mulher viu este pássaro e se apaixonou por ele. Ficou olhando o seu vôo com a boca aberta de espanto, o coração batendo mais rápido, os olhos brilhando de emoção. Convidou-o para voar com ela, e os dois viajaram pelo céu em completa harmonia. Ela admirava, venerava, celebrava o pássaro.
          Mas então pensou: "Talvez ele queira conhecer algumas montanhas distantes!" E a mulher sentiu medo. Medo de nunca mais sentir aquilo com outro pássaro. E sentiu inveja, inveja da capacidade de voar do pássaro.
          E sentiu-se sozinha.
          E pensou: "Vou montar uma armadilha. A próxima vez que o pássaro surgir, ele não mais partirá."
          O pássaro, que também estava apaixonado, voltou no dia seguinte, caiu na armadilha, e foi preso na gaiola.
          Todos os dias ela olhava o pássaro. Alí estava o objeto de sua paixão, e ela mostrava para suas amigas, que comentavam:  "Mas você é uma pessoa que tem tudo." Entretando, uma estranha transformação começou a processar-se: como tinha o pássaro, e já não precisava conquistá-lo, foi perdendo o interesse. O pássaro, sem poder voar e exprimir o sentido de sua vida, foi definhando, perdendo o brilho, ficou feio - e a mulher já não prestava mais atenção nele, apenas na maneira como o alimentava e como cuidava de sua gaiola.
          Um belo dia, o pássaro morreu. Ela ficou profundamente triste, e vivia pensando nele. Mas não se lembrava da gaiola, recordava apenas o dia em que o vira pela primeira vez, voando contente entre as nuvens.
          Se ela observasse a si mesma, descobriria que aquilo que a emocionava tanto no pássaro era a sua liberdade, a energia das asas em movimento, não o seu corpo físico.
          Sem o pássaro, sua vida também perdeu o sentido, e a morte veio bater à sua porta. "Porque você veio?", perguntou à morte.
          "Para que você possa voar de novo com ele nos céus.", respondeu a morte. "Se o tivesse deixado partir e voltar sempre, você o amaria e o admiraria ainda mais; entretanto, agora você precisa de mim para poder encontrá-lo de novo."}
Do livro "Onze minutos" de Paulo Coelho.

1 comment:

Sheyd said...

Muito massaaaa essa história !